no land & anne waldman

NO LAND & ANNE WALDMAN

CREPUSCULAR / CREPÚSCULO

“où l’artiste crie de frayeur avant d’être vaincu”
— baudelaire

CREPÚSCULO (por anne waldman)

Codifique seu idioma
Eles não vão te encontrar.
Eu os inventei.
Eu fiz as palavras e então posso escondê-las.
Eles não vão te encontrar.
Escondido no crepúsculo.
Um crepúsculo sensual.
Em qualquer idioma.
Um mantra de resistência.
Perto da esquina dos policiais, os guardas, os cães.
Eu os inventei, minhas resistências.
Uma membrana timpânica.
Eu fiz para eles um código que tem plumagem.
Onde as letras e os dígitos brotam asas.
Cresça penas, tornando-as lustrosas e possíveis.
Ajude, ajude-nos agora enquanto nos levantamos da página.
Suba e voe em todos os gêneros do espaço e do tempo.
A vox do código canta para você em tempo desregulamentado.
Esteja pronto embora você definhe em uma nova frequência.
Esteja pronto embora você lute pela exuberância.
Seu cartão surge, esteja pronto.
Um texto antigo, que não tem focinho nem propósito.
Seria incondicional na época do Éden.
O Tarot se abate e então cai.
Isso confunde seus adversários masculinos.
Você é a Força Majeure.
É melhor você acordar.
O solstício está sobre você.
O equinócio levantará sua saia ao amanhecer.
As saias de todas as tribos encontrarão alinhamento.
Alinhe-se na dança astral.
A ideia é se separar do vocabulário que eles fornecem.
No nascimento e suas restrições.
Palavras como “local”, “privado”, “estratégia”, “hino”, “dele”.
Isso vai pegar pedaços a todas as mulheres.
Novas Shekinahs.
O vidro estilhaça.
Palavras como “futuro”, como “pagão”, como “heresia”.
O jogo de concha continua encontrando sua pequena prova.
Crepuscular em uma estação como fuga do inferno.
Você está sendo testado, toda a sua oralidade de desejo.
Todos suspiros e planos de sobrevivência.
Você está sendo testado em sua boca de leoa.
Recolher cinzas para o crepúsculo do protesto.
Do incêndio, Força Maior.
O código está treinando os acólitos.
A poesia está finalmente visível.
Suas lágrimas são a dialética de toda verdade.
Borbulhando do caldeirão.
Como posso soar meus pés e mãos?
Que sons de alarme batem no crepúsculo?
Como posso quebrar o código e cantar.

CREPUSCULAR (by anne waldman)

Code your language and escape.
They won’t find you.
I made them up.
I made the words and then can hide them.
They won’t find you.
Hiding in twilight.
A sensual twilight.
In any language.
A mantra of resistance.
Around the corner from the cops, the guards, the hounds.
I made them up, my resistances.
A tympanic membrane.
I made them a code which has plumage.
Where the letters and digits sprout wings.
Grow feathers, making them sleek and possible.
Help, help us now as we lift off the page.
Rise and fly in all of the genders of space & time.
The vox of the code sings to you in deregulated time.
Be ready though you languish in new frequency.
Be ready though you fight for exuberance.
You card arises, be ready.
An ancient text, that has no muzzle or purpose.
Would be unconditional in Edenic time.
The Tarot culls then falls.
It puzzles its male adversaries.
You are the Force Majeure.
You better awaken.
The solstice is upon you.
The equinox will lift your skirt at dawn.
The skirts of all the tribes will find alignment.
Line up in the astral dance.
The notion is to secede from vocabulary they give you.
At birth and its constraints.
Words like “location”, “private”, “strategy”, “hymn”, “his”
That will pick up pieces for all women.
New Shekinahs.
The glass shatters.
Words like “futurity”, like “pagan”, like “heresy”
The shell game continues finding its small proof.
Crepuscular in a season as escape from hell.
You are being tested, all your orality of desire.
All sighs and plans for survival.
You are being tested in your lioness-mouth.
Gather ashes for the twilight of the protest.
From the fire, Force Majeur.
The code is training the acolytes.
The poetry is finally visible.
Your tears are the dialectic of all truth
Bubbling up from the cauldron.
How may I sound my feet and hands?
What sounds of alarm claps at twilight?
How may I break the code and sing.

—translated by sean negus
No Land is an artist, poet, and photographer. She fled school to convene with the outrider poets, jazz musicians, hackers, and magicians of the lower east side artist community. Her photojournalistic work has been published by Levy Gorvy Gallery, The Brooklyn Rail, The Village Voice, The Indypendent, Bill Moyer’s Journal, and others. In 2018, she released Authentic Artifice, an art-book of poem and photographs published by Newest York. Her cinema-poem, “Crepuscular,” a collaboration with the poet Anne Waldman, premiered at The Poetry Project in 2018.
The author of more than 40 collections of poetry and poetics, Anne Waldman is an active member of the Outrider experimental poetry movement, and has been connected to the Beat movement and the second generation of the New York School. Her publications include Fast Speaking Woman, Marriage: A Sentence, the multi-volume Iovis project, and Voice’s Daughter of a Heart Yet to Be Born.