DENISE NEWMAN
ANTS ASK
I THOUGHT I HAD A VERY NICE TIME
ACHAVA QUE TINHA ME DIVERTIDO BASTANTE
Amência: 1. Querer total de entender
2. Um transe místico ou estado de arrebatamento
Nenhum de seus discípulos me olhava no olho.
Como resultado, recusei a minha xícara de chá (“nosso presente para você”)
gratuita. No entanto, a Guru me perfurou
com seu olhar enviesado e eu caí de amores
com belo complemento erótico.
Alguns chamam acidental a felicidade da arte medieval.
O que nomeiam é o resultado de um ser distante
daquele que o próximo pode achar. O mundo
era a piscada de Deus e Curvar-se ao Destino o fim e o começo
de toda dança. Nesses Dias.
(tinham jardins, tinham manhãs, etc., ibid.)
Alguns não conhecem a vergonha
intimamente; mesmo assim, os chamamos humanos
ainda que sua distância de nós seja como a de um anjo
arremessado nas trevas longe da flama, dos raios, da exaltação.
Nisso, nós mesmos somos angélicos, e por
esse mesmo motivo, esporos:
nossos seres polínicos generosos dispersam
na infrutescência e semeadura geral que ocorre
quando se cruzam olhares.
Amente: um esporo.
(om namah shivaya canta a lésbica)
I THOUGHT I HAD A VERY NICE TIME
Amentia: 1. Total want of understanding
2. A mystic trance or state of rapture
None of the disciples would look me in the eye.
As a result, I forewent my free (‘our gift to you’)
cup of tea. However, the Guru pierced me
with her video’d look and I fell in a love
with a fair erotic complement.
Some call the happiness of medieval art inadvertent.
What they name is result of a being distant
from what one’s neighbor might think. The world
was God’s blink and Bow To Fate the end and begin
of every dance then. In Those Days.
(they had gardens, they had mornings, etc, cf.)
Some do not know chagrin
intimately; even so, we call them human
though their distance from us is as the angel’s
hurled into outer darkness from blaze, rays, praise.
In this are we ourselves angelic, and like unto
in this, the catkin:
our polleny selves generous disperse
in the general fruiting and seeding which occurs
when a look goes in.
Ament: a catkin.
(om namah shivaya chants the lesbian)
—poem by liz waldner / translation by rodrigo bravo
ADAM AND EVE
ADÃO E EVA
Adão era um bom menino. Eva era uma menina má. / Adão era um menino mau. Eva era uma boa menina. / Destacado era uma boa garota. Invenção era um menino mau. / Limites era um bom menino. Independência era uma menina má. / Amnésia era um bom menino. Perda era uma menina má. / Sensata era uma boa menina. Sensível era um menino mau. / Adão era uma boa menina. Eva era um menino mau.
ADAM AND EVE
Adam was a good boy. Eve was a bad girl. / Adam was a bad boy. Eve was a good girl. / Detached was a good girl. Invention was a bad boy. / Limits was a good boy. Independence was a bad girl. / Amnesia was a good boy. Loss was a bad girl. / Sensible was a good girl. Sensitive was a bad boy./ Adam was a good girl. Eve was a bad boy.
YELLOWISH PEARL
PÉROLA AMARELADA
Então, vou entrar no trem.
Por que não você? Vem!
Eu vou
cantando
Então eu
cantando
Então, hmm, bem, amarelada
Você a limpou?
cantando
Bata a porta!
cantando
Esse cara escreveu um livro. É um livro, é um
Dizendo “não, não gosto”
Poemas
cantando
Então. Sim. Sim
Esquece. Esquece. Amor e luz
Ah sim, ah sim
Diz ah, eu não sei
Escreve. Escreve o que eles fazem
Então – ele – ah –
Irreal, irreal
Sim, sim
esperto
E eu lembro aquela conversa
Você não pode, é impossível
E se o escritor
disser uma inverdade então
Conta. Conta
e escreve
Verdade
Inverdade então
Escritores sempre devem contar—
a verdade.
Não melhor que a verdade
Verdade. Inverdade
Vendo o que escritores escrevem
Belo escritor e ele escrevem o mais belo
mas, hm, você sabe?
Falando em livros
sempre mentem
O problema é que escritores escrevem
Então ele é um criminoso
é um criminoso
Algo assim
algo assim
YELLOWISH PEARL
So, I’m going on the train.
Why didn’t you? Come on!
I’m going
singing
So I
singing
So, um, well yellowish
Have you cleaned?
singing
Slam the door!
singing
This guy wrote a book. It’s a book, it’s a
Saying no I don’t like it
Poems
singing
So. Yeah. Yeah
Forgets. Forgets. Love and light
Oh yes, oh yes
Says oh, I don’t know
Writes. Writes the way they do
Then—he—oh—
Not real, not real
Yeah, yeah
smart
And I remember that conversation
You can’t it’s impossible
And if a writer
tells a falsehood then
Tells. Tells
and writes
Truth
falsehood then
Writers should always tell—
the truth.
That no better than the truth
Truth. Falsehood
Seeing what writers write
Beautiful writer and he wrote the most wonderful
but, um, you know?
Talking about books
they always lie
The problem is that writers write
Then he’s a criminal
He’s a criminal
Something like that
something like that
SUMMER
VERÃO
O futuro está chegando.
Neste museu vivo de plantas, a sujeira e o pó são actantes neste ecossistema à margem do Strawberry Creek
Um museu então com um estigma de período, uma réplica ao ar livre de um cômodo com mobília Europeia polida, possuído há centenas de anos por capitalistas bem-sucedidos.
Aqui, nos momentos de reconhecimento, trilhas da memória de crueldade e controle se abrem para as repercussões ao vivo no tempo presente.
Visitantes são atraídos a encontrar a atemporalidade aqui. Atemporalidade. Luz verde através da folhagem móvel das sequoias matutinas afaga musgo e riacho, pinça tempo primordial, pré-consciência. Coloca o sol nos nossos braços, revalorizando a experiência direta. Aqui nos somos. Hic et nunc. Confortados pela profunda duração do tempo.
Por mais de 65 milhões de anos, os DNA dessas sequoias permaneceu idêntico. Um exemplo de estase morfológica. Aparentemente eternas, suas raízes acessam a umidade, suas copas florescem no céu azul. Podemos imaginar que mortalidade e perturbação não estão em jogo. É hora do almoço, mas Ken Bates, horticultor no pomar do mundo, come pouco porque um metal pesado é desconfortável quando se dobra pelos jardins por toda a tarde. O cervo frequentemente visto agora nos cinco acres vazios dos fundos provavelmente dorme. Aprendemos sobre o cervo na mesma hora em que Eric Shulz, horticultor da seção México/América Central, nos levou ao lugar,
Levou-nos ao lugar com o declive, onde no inverno um homem idoso nos mostrava o paraíso e foi arrastado por sua parceira quando ele lhe perguntou se agora deveriam nos falar de sexo. Houve aquele tempo, e o tempo de que o homem há muito falara, visitando este mesmo lugar quando as árvores eram jovens, densamente plantadas após o declive, e também há o tempo de contar isso a Eric, que plantou as árvores. Eric disse que ele talvez teria conhecido o homem certa vez, e alguns minutos depois ele nos diz que pensou que talvez trabalharia nesta seção do jardim para sempre, mas seu corpo está cansado. Tempo é um guardanapo amassado – Michel Serres.
Nosso tempo aqui, como poetas, tem sido uma forma de “destempo” – marginalmente relacionado à medida prevalente da produtividade e do lucro na Bay Area e espelhando o “pulso desacelerado dos feitos diários” dos jardineiros (Emily Apter).
O futuro está chegando. 27 de Julho de 2016, um mês antes do projeto terminar, o tempo parece ter se encurtado de repente. Fora do jardim, protestamos e nos emaranhamos nos efeitos da injustiça racial e social. Estes são os nossos tempos. Ocorre a mudança climática. O fascismo em ascensão.
SUMMER
The future is arriving.
In this living museum of plants, the dirt and dust are actants in this ecosystem along Strawberry Creek
A museum then with a period stigma, an outdoor replica of a room of polished European furniture, say, owned hundreds of years ago by successful capitalists.
In moments of recognition here, memory trails of cruelty and control open to the repercussions alive in present time.
Visitors are more drawn to finding timelessness here. Timelessness. Green light through the moving foliage of dawn redwoods streaks moss and creek, picks into primordial time, preconsciousness. It places the sun on our arms, revalorizing direct experience. Here we are. Hic et nunc. Comforted in the deep durée of time.
Over 65 million years, the DNA of these redwoods has remained identical. an example of morphological stasis. Seemingly forever, their roots access moisture, their tops flourish in the blue sky. We can imagine mortality and disturbance are not on the table. It’s lunchtime, but Ken Bates, horticulturist at the world crops garden, eats lightly because a heavy meal is uncomfortable when bending over garden beds all afternoon. The deer seen often now in the undeveloped back five acres is probably asleep. We learned about the deer in the same hour as Eric Schulz, horticulturist in the Mexico/Central America section, took us to the site,
Took us to the site with the landslide, where in the wintertime an elderly man had held forth to us about paradise and was drawn away by his partner when he asked her if they should now talk to us about sex. There was that time, and the time the man spoke of long ago, visiting this very place when the trees were young, planted densely after the slide, and there is also the time of telling this to Eric, who planted the trees. Eric says he might have met the man one time, and a few minutes later he” tells us he had thought he might work this section of garden forever, but his body is wearing down. Time is a crumpled handkerchief—Michel Serres.
Our time here, as poets, has been a form of “untime”—marginally related to the prevailing measure of productivity and profit in the Bay Area and mirroring the gardeners’ “decelerated pulse of daily accomplishment” (Emily Apter).
The future is arriving. July 27, 2016, a month before the project ends, time feels foreshortened suddenly. Outside the garden, we have been embroiled in and protesting the effects of racial and social injustice. These are our times. Climate change is occurring. Fascism is on the rise.